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Pluronic® Lecithin Organogel (PLO) é uma microemulsão lipossomal fosfolipídica, empregada para a administração de fármacos pela via transdérmica. É um veículo de alta permeabilidade cutânea, com capacidade de carrear fármaco(s) incorporado(s), tais como anti-inflamatórios, analgésicos, anti-eméticos e demais fármacos empregados em situações onde se deseja uma maior permeabilidade cutânea e um alcance sistêmico do fármaco.
O organogel, ou como é comumente denominado em literaturas direcionadas à farmácia magistral, o gel transdérmico, é na verdade uma emulsão que apresenta um toque sensorial de gel. Essa emulsão consiste de uma fase hidrossolúvel que é o gel aquoso de polaxamer 407 de 20 a 40%, e de uma fase lipossolúvel (LIPS) composta de uma solução de lecitina granulada e palmitato de isopropila. Após o preparo do gel aquoso de polaxamer e da solução LIPS, o farmacêutico pode incorporar o fármaco através do emprego de uma farmacotécnica simples que envolve a aplicação da força de extrusão.
A força de extrusão é a força necessária para a formação de micelas lipossomais e consequentemente a encapsulação do fármaco incorporado. Para aplicação de tal força, utilizamos duas seringas conectadas por um adaptador e misturamos o conteúdo das duas seringas, já com o fármaco incorporado na solução LIPS. Sabemos que na prática clínica, se manipularmos o gel somente com simples homogeinização no gral, não há formação de micelas e por conseguinte, o resultado clínico é pouco satisfatório.
É importante ressaltar que o organogel desorganiza as camadas lipídicas da pele sem dissolvê-las como faz o DMSO. O organogel permite que a droga carreada penetre pelo estrato córneo até a circulação sistêmica via fluxo dérmico-epidérmico.
Vantagens da administração transdérmica: é uma via alternativa ao trato gastrintestinal: menor irritação e toxicidade sistêmica, evita a ação do pH ácido do estômago sobre fármacos sensíveis nestas condições. Evita, também, possíveis interações do fármaco com alimentos e com a flora intestinal. Evita o efeito de primeira passagem hepática. Permite o controle da absorção de determinada quantidade de fármaco. Possibilidade de aplicação em diferentes locais do corpo, deve-se evitar a aplicação em locais com irritação e/ou com lesões. Aumenta a adesão do paciente ao tratamento: resultado da fácil administração e da diminuição da toxicidade sistêmica.
Desvantagens da administração transdérmica: possibilidade de irritação localizada o reações alérgicas cutâneas. O tempo requerido para a difusão através da pele, é de relativa demora no início da ação do fármaco. Evitar a aplicação em locais com irritação e/ou com lesões.
O gel de PLO é composto por uma fase oleosa (LIPS) e uma fase aquosa (Gel de Polaxamer 407). Recomenda-se a prévia manipulação e armazenamento dessas fases para que no momento que se recebe a prescrição do gel transdérmico, possamos utilizá-las fazendo tão somente a incorporação do ativo prescrito.
Gilberto Barcelos Souza. Farmacêutico. Exerceu suas atividades durante 41 anos no Serviço de Farmácia do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP). Membro da SBRAFH, SOBRAFO, SOBRATI ● 28 livros publicados ● Medicamentos Injetáveis ● Oncológicos Injetáveis e Orais ● Imunoterápicos ● Protocolos de Quimioterapia ● Interações Medicamentosas em Oncologia ● Formulário Magistral ● Medicamentos em Terapia Intensiva Pediátrica. Editor do www.meuslivrosdefarmacia.com.br