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Conservantes são substâncias químicas, cuja função é inibir o crescimento de microorganismos no produto, conservando-o livre de deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras. Eles podem ter atividade bacteriostática e/ou fungistática. Entretanto, com a rápida e enorme modernização da Cosmética, para se selecionar o melhor sistema conservante para cada fórmula, na sua melhor combinação de tipos de ativo e na concentração ideal, é preciso dominar o conhecimento do trinômio produto-conservantes-microrganismos, que resume os pontos da estratégia de proteção microbiológica do produto.
Como produto, é importante considerar aqui sua composição química, embalagem e o processo de fabricação. O primeiro aspecto a ser considerado na escolha do conservante é a regulamentação do uso de substâncias de ação conservante permitidas, uma vez que é de caráter eliminatório. Produtos auto-conservantes normalmente têm prazo de validade menor, são apresentados em frascos do tipo dispenser ou bisnagas especiais que solucionam boa parte do problema protegendo o produto da carga microbiana das mãos do consumidor ou do ambiente.
Quanto mais aquosa, mais susceptível a bactérias. Em geral cremes e loções exigem atividade tanto bacteriostática quanto fungistática, fazendo-se necessário utilizar misturas de conservantes de amplo espectro de atividade. O segundo passo para se selecionar um sistema conservante é conhecer suas propriedades físico-químicas para se prever possíveis incompatibilidades químicas com os componentes da fórmula e até de inativação do conservante; a solubilidade em água, tensoativos e glicóis; o coeficiente de distribuição de ativos; a estabilidade em relação ao pH e temperatura que sofrem variações durante o processo de produção; a possibilidade de bombeamento; a necessidade de pré-mistura em fase oleosa e as perdas por evaporação durante o processo e até por adsorção à resina da embalagem.
Aquosos: sulfitos, bissulfitos e metabissulfitos são os antioxidantes mais utilizados na preservação de medicamentos. São utilizados em concentrações na faixa de 0,1 - 0,2 %. Outros antioxidantes, tais como o ácido ascórbico e seus sais também podem ser utilizados como agentes antioxidantes em fórmulas farmacêuticas, em concentrações geralmente menores que 0,04% . O tioglicerol, tiosorbitol e o cloridrato de cisteína também podem ser usados com essa finalidade.
Oleosos: ácido nordiidroguaiarético (NDGA), usado na faixa de concentração entre 0,05 à 0,1%. Esse composto é ativo em meio neutro ou levemente ácido e tem como agentes sinérgicos o ácido cítrico e fosfórico. É solúvel em óleos a 1,1%, etanol, glicerol, propilenoglicol. O butilhidroxianisol (BHA) é bastante utilizado, possui elevada atividade antioxidante e é incolor e inodoro. É estável em temperaturas mais elevadas, sendo utilizado na faixa de concentração entre 0,005 a 0,02%.
Butilhidroxitolueno (BHT) é um dos oxidantes e inibidor de atividade de metais muito utilizado na área farmacêutica. Indicado principalmente para gorduras e vitaminas, nas concentrações entre 0,01 à 0,1 %. Os ésteres do ácido gálico também possuem ampla utilização em farmácia., principalmente os derivados galato de etila e galato de propila são utilizados na faixa de concentração entre 0,005 à 0,1 %
Agentes quelantes: metais ionizados e solubilizados na fórmula farmacêutica podem catalisar as reações de oxidação. Considerando-se que nem todos os antioxidantes são capazes de inibir a atividade catalítica dos metais, em vários casos, é necessário associar ao sistema de proteção os agentes quelantes , cuja função específica é de seqüestrar o íon metálico do meio de forma que ele não possa agir como catalisador.
Microrganismos vivos, do reino vegetal e animal, podem contaminar os medicamentos e, em muitos casos, levar à instabilização da forma farmacêutica. Os fungos constituem os mais sérios problemas de contaminação de medicamentos, produzem enzima oxidantes e hidrolizantes. Atacam com facilidade preparações líquidas, principalmente soluções, xaropes e semi-sólidos, incluindo cremes e géis. As algas contaminam preparações líquidas e semi-sólidas, com menor freqüência que as bactérias. A escolha do conservante adequado vai depender da forma farmacêutica, da natureza química dos componentes da fórmula e do pH da preparação.
Álcool etílico: é fungicida e fungistático na faixa de concentração de 15 a 17%, possuindo atividade antiséptica a 70%. O álcool etílico é o único produto que quando diluído em água (70%) é mais eficaz do que puro. O álcool não somente rompe as membranas pela sua solubilidade em lipídios, mas também desnatura proteínas. É utilizado não somente como desinfetante de superfície, mas também como antisséptico. As limitações estão na sensibilidade à matéria orgância, rápida volatilização e ser inflamável. As bactérias na forma vegetativa morrem após cinco minutos de contato com o composto. Apesar de o álcool etílico ser utilizado mais freqüentemente, o álcool propílico é melhor principalmente por ser menos corrosivo e possuir maior espectro de ação
Glicerol: 20 à 40 %, clorobutanol: antiséptico bacteriano na concentração de 0,5%.
Éteres fenílicos do etileno e propilenoglicol: possuem atividade antifúngica em concentrações menores que 1%. Ácido benzóico e benzoato de sódio: também possuem atividade em pH menor que 4,0.
Cloreto de benzalcônio: uso na concentração de 0,05%. Estes moléculas são hidrofílicas numa extremidade e hidrofóbica na outra. O grupo hidrofílico é um sal quaternário de amônia e o grupo hidrofóbico pode ser uma cadeia longa de hidrocarboneto ou um núcleo benzênico, ou ambos. Devido às suas propriedades como antisséptico tensoativo, são excelentes agentes de limpeza de pele, ferimentos e objetos inanimados. Eles são mais ativos contra microorganismos gram positivos. Em altas diluições são bacteriostáticos.
Cetrimida: uso em concentrações entre 1:5000 à 1:10000.
Timerosal: uso em concentrações entre 1:5000 à 1:50000
Álcool benzílico: uso em concentrações de 0,5%.
Ésteres do ácido p-hidroxibenzóico: são os mais utilizados na área farmacêutica. Sua designações genéricas são metilparabeno e propilparabeno. São antifúngicos em concentrações na faixa de 0,05 à 0,2% . A associação sinérgica envolve concentrações de 0,18% de nipagim e 0,02% de nipazol. São incompatibilidades com tensoativos como os tweens, gelatina e carbomelose.
Para a busca da excelência em qualidade microbiológica, a revisão da composição química do produto segundo os princípios de racionalização, a adequação do sistema conservante e monitoração microbiológica constituem portanto o trinômio da qualidade microbiológica, valendo por fim ressaltar as seguintes recomendações: aprimorar o senso crítico do formulador na racionalização da fórmula, observar os critérios de escolha do sistema conservante, tendo a regulamentação de mercado como fator eliminatório, usar a concentração adequada de conservante que seja estável e compatível com a composição química do produto e condições do processo, requisitar orientação do fornecedor do sistema conservante ou serviço de consultoria nas áreas de menor domínio, dentro do trinômio produto-conservante-microrganismos, buscar o melhor balanço custo-benefício, realizar os testes de análises físico-químicas, como forma de garantir a proteção microbiológica, adotar as boas práticas e controle organizadas num sistema de monitoração da qualidade microbiológica integrado.
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Gilberto Barcelos Souza. Farmacêutico. Exerceu suas atividades durante 41 anos no Serviço de Farmácia do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP). Membro da SBRAFH, SOBRAFO, SOBRATI ● 28 livros publicados ● Medicamentos Injetáveis ● Oncológicos Injetáveis e Orais ● Imunoterápicos ● Protocolos de Quimioterapia ● Interações Medicamentosas em Oncologia ● Formulário Magistral ● Medicamentos em Terapia Intensiva Pediátrica. Editor do www.meuslivrosdefarmacia.com.br